sexta-feira, 29 de junho de 2012

Olhos azuis


            A primeira noite sem seus olhos azuis foi a pior. Bebi.
Bebo.
A noite, no caso, está sendo hoje, está sendo agora, está sendo e as lágrimas ainda correm e continuo fungando o que minto aos próximos ser gripe.
Todo esse tempo, esse último mês em que fui praticamente só seu enquanto descansava, me fez pensar que talvez precisasse de alguém assim, como você, e talvez tenha me enganado.  Seria você outra Beatriz? Seria esse mês outro devaneio? Seria essa outra das noites frias em que acendo um cigarro e olho pela janela – cotovelo raspando a sacada enquanto enxugo os olhos mais uma vez olhos tristes e cansados, mel levemente esverdeados quando o pranto resolve adorná-los?
Definitivamente não, pois não tenho cigarros.
E você dizia me amar, e dizia esperar por meus contos, dizia que eu era uma menina de dezesseis anos vestindo uniforme de internato católico – uma saia xadrez – enquanto arrisco a vida numa luta de canivetes comigo mesmo, com a vida, com minhas palavras e com você.
A vida muda, meus textos mudam.
Amarguei.
Amarguei e você não pode fazer nada. Você pôde fazer algo, mas sua chance passou. São você e seus olhos azuis, vocês me fizeram acreditar em algo que nunca quis existir. Senti a flor da sua idade, senti-me jovem, quase Beatriz, quando você me pôs a sorrir.
Te amei.
Te amo, talvez.
Te amo, talvez.
Te amo.
Te amo...



... talvez.

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