A
primeira noite sem seus olhos azuis foi a pior. Bebi.
Bebo.
A noite, no caso, está sendo
hoje, está sendo agora, está sendo e as lágrimas ainda correm e continuo
fungando o que minto aos próximos ser gripe.
Todo esse tempo, esse último
mês em que fui praticamente só seu enquanto descansava, me fez pensar que
talvez precisasse de alguém assim, como você, e talvez tenha me enganado. Seria você outra Beatriz? Seria esse mês outro
devaneio? Seria essa outra das noites frias em que acendo um cigarro e olho
pela janela – cotovelo raspando a sacada enquanto enxugo os olhos mais uma vez
olhos tristes e cansados, mel levemente esverdeados quando o pranto resolve
adorná-los?
Definitivamente não, pois não
tenho cigarros.
E você dizia me amar, e dizia
esperar por meus contos, dizia que eu era uma menina de dezesseis anos vestindo
uniforme de internato católico – uma saia xadrez – enquanto arrisco a vida numa
luta de canivetes comigo mesmo, com a vida, com minhas palavras e com você.
A vida muda, meus textos
mudam.
Amarguei.
Amarguei e você não pode fazer
nada. Você pôde fazer algo, mas sua chance passou. São você e seus olhos azuis,
vocês me fizeram acreditar em algo que nunca quis existir. Senti a flor da sua
idade, senti-me jovem, quase Beatriz, quando você me pôs a sorrir.
Te amei.
Te amo, talvez.
Te amo, talvez.
Te amo.
Te amo...
... talvez.
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