Dmitri tentou pela sexta noite seguida, em vão – outra noite sem sono – ele dizia –, outra noite sem besteiras, sem bebidas, sem Beatriz.
Atormentado, perdia o foco que destinava a observar o lento movimento do ventilador de teto cada vez que seu coração pulsava. Não comia a cerca de trinta horas e não dormia a pouco menos de cento e quarenta, sua vista embaçava na falta de uns óculos e sua cabeça também, na falta de bebida.
Fora da cama num pulo, foi até sua mesa, alcançou um de seus Luckies e acendeu-o: ascendeu. Apoiado à janela, observando a Lua que se escondia atrás dos fundos do prédio que havia feito-lhe companhia nos dias que passaram em meio à fumaça azul de seu cigarro, Dmitri tinha uma certeza – ele havia cagado tudo desta vez, tudo, mas dias melhores viriam como sempre vinham quando ele pensava que estava tudo perdido. Eles sempre vinham.
- Outra noite sem besteiras, sem bebidas, sem Beatriz – repetiu, apagando seu cigarro na sacada, logo após deitando-se. Dmitri tentou pela sexta noite seguida e desta vez conseguiu.