Poderia
ser neon, mas é uma ponta de cigarro.
Esfrego
os olhos até o conhaque abandonar o borrão que acompanha a vista. Às quatro e
meia, a tarde ainda costuma ser clara – e seria, não fosse o céu nublado. As
cadeiras encontravam-se, em sua maioria, vazias. Ambulantes, comércio de rua,
transeuntes, bêbados, colegiais, calouros, você e os demais. Entre um trago e
outro, olho seus olhos.
Vejo
o carmim que contrasta tão bem com seu tom de pele curtido. Ouço sua voz e de
repente é cinco. Vejo seu sorriso e continua cinco. Você me beija e de repente
seis. Você me deixa e já é outro dia.
Duas
olheiras a mais, um maço a menos e um copo vazio, novamente ao parapeito – as cores
me fogem e só me sobra novamente o cinza do nublado. Sem esperar, vejo gotas de
chuvas espalhadas e o horizonte como
ruído branco, como que mostrasse que a vida não está em sintonia, estou
perdendo o sinal e aos poucos o que está a poucos palmos fica turvo. Sem cores,
sem visão, sem você.
Poderia
ser neon.